domingo, 13 de janeiro de 2013

Sonhar Mais Um Sonho Possível.



“Não me irrite, por favor. Não gosto de drama. Sua mãe? O que tem sua mãe? Você deixa tudo pela metade. Ninguém te respeita. Você não tem nada. Ninguém queria você lá. Se não fosse eu, você não estaria lá”.

- Ufa. Acordei. Sabe aqueles sonhos que você sente que está caindo, mas sempre acorda antes de cair e nunca sabe como acabou a queda? Se dava em mar, em chão, em nuvem. Esse foi diferente. Foram dias caindo e eu sei como acabou.


Você já colocou seus sonhos nas mãos de alguém? Uma menina, uma vez, colocou os seus, nas mãos de seu padrasto. Ele acabou achando que era parte do sonho dela e indo visitá-la todos os dias em seu quarto. Um pedreiro uma vez, acreditou que o dono da escola que estava a construir daria uma bolsa de estudos a sua filha. Não aconteceu. Um homem, acreditando no amor de uma bela mulher casada,  aceitou ir até a sua casa. Acabou assassinado pelo marido traído. Uma jovem, encantada por lindos olhos verdes, aceitou a espera e viveu de esperar.

Longe de mim dizer-lhes que não sonhem. Acontece que tudo está divinamente, magnificamente, estrategicamente ligado.

Muito tempo atrás, Adélia quis ser escada. Ela dizia que fazer subir e estar presente na decida, faria dela um ser elevado, puro, digno. Então, ela lutou pra ser escada. Tornou-se. Para isso, ela esteve sempre alerta, sem nunca negar-se a uma subida ou a uma decida. O “problema”, é que Adélia queria que as pessoas que subissem, fossem gratas e as pessoas que subiam, não achavam que deviam. Afinal, ela era uma escada. Era ou não a sua função?

Talvez, a gente olhe muito pouco para os lados e dê muitos nomes a coisas que deviam só fazer sentir.

A menina nunca contou a mãe sobre o padrasto. Cresceu e descobriu-se feminista e foi pras ruas lutar pra que outras meninas não passassem o que ela tinha passado. O pedreiro nunca mais trocou serviços por promessas e aprendeu a trabalhar com contratos. Ele me disse assim: “Eu ainda confio nas pessoas, mas não conheço todas elas”. O assassinado por assassinado mesmo. Mas a bela mulher conseguiu abandonar seu marido doente e violento. A jovem encantada por lindos olhos verdes, ainda suspira. Mas hoje ela espera vivendo.

Adélia. Ah, Adélia se desfez. Não mais escada, transformou-se em prateleira de biblioteca e passa todos os dias de sua vida vazia de arrependimentos, lendo e entendendo como as pessoas podem cair dos sonhos, em outros sonhos.

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