Roteiro de novela mexicana: Maria
se apaixonou por Zé, que era Gay e se apaixonou por João, que era livre e tava
comendo todo mundo, que estava mudando e estava virando um mundo de grandes
amores, como Maria queria. Ciro, que também vivia nesse mundo, que também se
apaixonou por Zé’s, que também era livre, que também estava comendo todo mundo,
não se apaixonou por Maria. Mas, se apaixonou pela sensação de tê-la apaixonada
por ele. Pronto. Está feito e desfeito o nosso enredo, porque Maria, ainda
tinha que descobrir o que queria, sem ser o Zé.
Tem dias nessa loucura, que tudo
vira jogo. Falar é jogo, não falar é jogo, estar é jogo, não ir é jogo. Mas, e
quem não sabe jogar? Mente. Começando pela afirmação de não saber.
Acontece com frequência, a cada
esquina, a cada ida à praia, por vezes acontece até na padaria. Você olha pra
uma pessoa e se apaixona por ela ou inventa que se apaixonou. Então, dependendo
da audácia, você arma, trama, planeja e não me venha dizer que não. Você faz.
Nem que seja com o tamanho daquela saia, a estampa daquela blusa, o corte
daquele cabelo, o jeito como anda, a mensagem que envia. Algumas vezes,
normalmente nas padarias, dá certo. Padarias ou bares (não me perguntem por que).
Enfim, não especifiquemos as relações: se vão beijar, abraçar, transar, amar, é
indiferente. Estabelecerão uma relação. E então, como tudo o que começa, a
tendência é acabar.
Quando o alvo da tua conquista
foi conquistado, tu era uma pessoa: a que queria conquistar. Pós isso, tu é
outra: a que conquistou. O jogo continua. Mas muda. Agora sim, começa o
trabalho.
Vamos agora sair do campo
afetivo: brigas pra chegar ao poder e não sabes governar nem a ti. Assim sendo,
perderás teu posto.
Vamos agora voltar ao campo
afetivo: brigas para conquistar e não te permites a conquista. Assim sendo,
estarás em eterna busca, sempre por aquele que não ter quer, porque é terreno
remoto, estranho, desconhecido, portanto, incrivelmente delicioso.
Maria era uma mulher linda,
inteligente, determinada, articulada, boa de cama (mesmo dentro das
relatividades do que é bom) e tinha vários Zé’s aos seus pés. Ela só queria um.
Perdeu-se na sua limitação. Perdeu-se na ânsia de provar que era incrível e foi
deixando de ser. Ciro não viu isso. Permaneceu buscando o desafio de tê-la
apaixonada por ele.
Zé e João se encontraram. Tem
dias que acontece. Na padaria ou nos bares. Mas preste atenção: nem sempre é o
que parece, nem sempre é o que se diz, nem sempre é o que se vê. Por isso,
teste.
vixe, me descreveu! te seguindo! ;)
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