O motivo para o ato diz respeito a reivindicações que os índios
fazem ao Governo do Estado (Secretaria de Educação) e Governo Federal. Estão
sendo pautadas pelos manifestantes a atualização dos salários atrasados dos
motoristas que realizam o transporte coletivo entre as comunidades e as cidades
circunvizinhas; a contratação de merendeiras, porteiros, auxiliares de serviços
gerais e vigilantes para as escolas da rede estadual que atendem o povo indígena
local e a criação da categoria de professor indígena.
Uma índia Pankará presente, Noêmia Lopes, disse que “as
escolas são de difícil acesso e por isso o povo precisa de transporte público,
além disso, também faltam merendeiras nas escolas e os serviços de transporte
estão sem remuneração há algum tempo”.
Outro índio, Fábio Pedro, comentou a situação dos que
aguardam a contratação para o serviço de porteiros e vigilantes. “Nós ainda não
fomos convocados. É a terceira vez que nos prometeram a contratação. Em
dezembro nos apresentamos e pediram que aguardássemos quinze dias e nada
aconteceu, renovando a promessa para duas semanas após o carnaval e não tivemos
nada garantido. Novamente nos disseram que em julho haveria a contratação para
começarmos no segundo semestre, mas julho já está no fim e ainda não fomos
comunicados”, desabafou Fábio.
Segundo ele, quase um ano depois da primeira promessa, uma
das unidades de educação, a Escola Indígena Olho D’água do Padre, município de
Carnaubeira da Penha, permanece com apenas um porteiro, que trabalha durante os
três turnos, servindo à escola também como vigilante.
Pajé Pedro Limeira de 83 anos, da tribo Pankará, engrossava
o coro da cobrança com um veemente apelo de atenção da GRE e denunciou a
situação do povo indígena, liderando o tom de indignação. “São mais de 50
motoristas que servem ao nosso povo, transportando a gente, mas sem receber
salários atrasados que quando chegam já vem com descontos”, explicou o Pajé.
De acordo com Pedro Limeira, os motoristas querem receber os
empenhos atrasados reajustados, com correção e juros. A justificativa é a de
que os profissionais já estão devendo muito aos postos de gasolina e casas de
peça. “Eles estão mantendo os carros e servindo nossa gente tirando do próprio
bolso e já estão devendo no comércio. Somos um povo unido, trabalhador e limpo,
sem sujeira, não é justo que fiquemos sem confiança. Tem motorista sendo
cobrado e ameaçado de ser chamado pela justiça pra pagar o que deve, porque não
recebe pagamento”, completou o pajé.
Os índios chegaram ao prédio da sede da GRE do Sertão de
Itaparica por volta das 7h e segundo todos os presentes ninguém deu resposta
até as 12h15. “Enquanto não tivermos resultado não sairemos daqui”, garantiu o
Pajé Pankará.
Texto: Zé Cidão.
Foto: Bárbara Vasconcelos.
CACTOS.
Texto: Zé Cidão.
Foto: Bárbara Vasconcelos.
CACTOS.