Entretanto, por que as pessoas mentem? Sendo impossível obter uma resposta exata, já que cada ser humano enxerga um motivo para a mentira, intitulando-a por vezes de minha verdade, a pergunta muda. Por que eu minto? Sim, eu minto. Mas, por que?
O mundo é um lugar repleto de delírios infantis, disfarçados de quebra de regras. Antes dessas, as regras foram criadas para ensinar às crianças - criadoras dos delírios infantis - que não podemos tudo. Até aí, tudo bem.
Entendamos o não poder: não farás a ninguém o que queres pra ti - não matarás, porque não queres ser morto. Não roubarás, porque não queres ser roubado. Não cobiçarás o do próximo, porque não queres que o teu seja cobiçado e tantas outras que vão quebrando o delírio infantil. Acontece que a amplitude não se dá somente ao Universo. As tuas ideias e os teus conceitos, podem (correm o risco) de serem também, dotados de amplitude.
Não se mata apenas o outro. Pode-se matar o sonho do outro. Isso não é errar? Não se mata apenas o outro, como um corpo. Pode-se matar a alma do outro. Alguns outros não aprenderam (ainda) a domarem suas almas e outros podem mata-la. A responsabilidade pelas almas não é de quem diz o que é bem e o que é mal.
Não se rouba apenas o bem (material). Pode-se roubar o bem (espiritual).
Como entender que não cobiçar o do próximo, está além de uma casa? E como descosntruir a ideia de uma pessoa pode ser sua? Só sua. Sem a possibilidade de que ela um dia abra a janela e se apaixone pelo sol.
Dentro de tantas perguntas sem respostas ou de respostas particulares, nascem mentiras.
Os delírios infantis, acontecem naquela iluminada hora de sol, que você para de querer entender, seja o que for. Não entende o outro, não entende a briga, não entende o grito, não entende a lágrima, não entende o suor, não entende o partir, não entende o entender, não entente a falta, não entende o amargo, não entende. Ah, como são deliciosos os delírios, por nos fazerem mentir pra nós mesmos, que o mundo está parado.
Eu minto porque não estou pronta. Não tem nada a ver com o outro. Não tem nada a ver com aceitação. Eu minto sobre segurança, porque não estou pronta pra ser segura. Eu minto sobre o sabor do café, porque fui eu quem o fiz. Eu minto sobre não saber mentir porque eu quero ser aceita. Eu minto sobre saber, porque eu quero textos bonitos.
Eros não mente. Escreve bem. Ás vezes ele não emite uma palavra sequer e ela já acreditou. É outra lacuna da mentira: nos momentos de delírios em que não se entende nada, a-o delirante, cria. E pra desfazer? Mente.
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