sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Explode.

        Eu queria poder ter em mim, um pouquinho do que cada um deixou, sem fazer a mínima ideia de que estava deixando. E tenho. Aprendi a guardar as coisas que eles acham que levaram. Nem foram tantos assim, mas o fato de me ter falando sobre eles, os que já foram, afasta os que chegam. Contraditório, não é? Como pode alguém chegar se o outro ainda há? É perfeitamente compreensível. A gente nunca está vazio.



Contar pra um homem que tu não conhece, que teve um sonho erótico com ele, pode te trazer um monte de coisa. Boas ou más. Depende do que tu filtra, do que tu quer, que tu pode, do que tu tem. As respostas podiam ser (e foram) diversas. Depende do que tu filtra. E então vocês fazem planos de realização, falam da necessidade de não terem ligação e não entendem que, negociar e fazer acordos, cria um jogo e jogo de dois, sempre tem elo. E cadê a modernidade? Moderno é dizer que sim.

Eles criaram a terrível linha tênue entre sentir prazer e sentir paixão e jamais (eu disse, jamais) saberão a diferença entre elas, porque resumiram demais as duas coisas: prazer é gozo, paixão é dependência. Eles ainda levarão um tempo pra entender que tudo isso pode estar misturado, que nada disso tem a ver com estabelecimento de relação e que ainda assim, planejar já os ligava. 

Tentar explicar pode por vezes tirar as coisas do lugar. Ele pode nunca entender que ela viu explosões de fogos, mas ela jamais vai saber, porque se recusa a contar. Ela pode nunca saber se ele também teve explosões, porque está esperando que ela conte primeiro, cheio de medo de parecer estúpido. É a beleza dessa história. A dúvida. É a beleza de todas as histórias. Não saber o fim delas.

Um comentário:

  1. Não é a toa que te chamei pra ser colaboradora do meu blog. To ouvindo Marcelo Camelo e curtindo esse ótimo texto!

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