Me
chamo Judite. Na verdade, não. Mas tenho preferido esconder meu verdadeiro
nome, minha identidade, meus sonhos e meus desejos. Moro só, trabalho, estudo,
me divirto e aos 30 anos, circulando pessoas super inteligentes, descoladas, eu
não posso falar das minhas preferências sexuais.
Acontece que eu gosto de ficar por baixo. É. Tenho uma preguiça
danada de ficar por cima, cara. Um tal de rebolar pra um lado, rebolar pra
outro, subir, descer. Não curto. Vocês sabiam que por baixo, também rola uma
reboladinha? Eu prefiro essa. Devagar, fundo. Mas eu não posso falar isso nas
rodas que freqüento. É um tal de me chamar de submissa, que eu não consigo
debater (será que é por incapacidade?). Dizem até que eu devo ter alguma
frustração com meu corpo. Já pensou?
Tem outra coisa que eu não gosto. Tu ta lá, toda
empolgada, vai fazer aquele oral sensacional. Algumas mulheres não gostam do
ato em si, mas gostam do prazer que proporcionam aos seus companheiros e por
isso, fazem. Bem, lá está você, olhos fechados, concentrada, vem aquela mãozinha
empurrando sua cabeça. A impressão que me dá, é que isso quer dizer: engula meu
pau. Não rola. Mas disso, eu posso falar. É revolucionário uma mulher se negar
a fazer alguma coisa que ‘seu homem’ acha incrível.
Já ficar por baixo, é tabu.
Fico mesmo pensando, onde iremos parar com isso. Posso me
dizer feminista se tenho medo de falar sobre a porra de um desejo? O fato é que
por cima, por baixo, de lado, de quatro, temos que ser donas principalmente dos
nossos sonhos. Se alguém consegue interferir nisso, que é coisa tão íntima, tão
tua, há um problema.
Eu vou perder o medo e isso não quer dizer que eu precise
falar pra roda, que eu gosto de ficar por baixo. A tua primeira revolução, é
contigo.
Caraca tenho que parar com essa mãozinha, não sabia que era tão machista assim... Agora vou conversar e identificar para vê o que a parceira gosta...
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