terça-feira, 11 de novembro de 2014

Nominar pra que?


Todas as vezes que eu vou começar um texto para publicar em páginas próprias, minhas, sem ser a coluna séria para onde eu escrevo semanalmente, ou as notas que por vezes eu escrevo em nome da Secretaria Municipal onde trabalho, eu lembro daquela regra de não fazer perguntas no primeiro parágrafo e me lembro na sequência, que no meu espaço, eu posso tudo. Assim funciona também o sexo. Em uma ação de tantas possibilidades, questionamentos, apontamentos, deliberações, entregas, ausências, permissões, cada um é responsável pelo que quer para si. Em uma ação de mais pessoas, cada um é responsável por fazer com que o outro entenda os anseios, desejos, esperas. Na compreensão, gozo. Na compreensão, mais de uma vez. E vejam, eu não fiz nenhuma pergunta. Nenhuma.

Depois de ter feito algumas escolhas - preservação do corpo, elevação do espírito - ela se viu sendo convidada à entrega e sem nenhum momento de dúvida, deu-se, como a ele, sempre fez. Talvez você nunca tenha precisado fazer esta análise na sua vida, mas tente: já imaginou o quanto é difícil à uma feminista, a permicividade? Bem, eu lhes digo que é bastante difícil. Em primeiro lugar, pela necessidade de se fazer compreender, com todas as vírgulas que cabem à uma compreensão. Vestir, escrever, falar, pedir, expor, se expor. A linha entre o real e o pscicótico, aos olhos de quem não entende, é quase invisível. Então, como ser feliz com tantos porques? Como entender que nem todos os homens entenderão os pedidos por delicadeza, quando você demonstra apenas força? Como dizer a ele, que você já chegou em uma altura da vida, onde as relações podem ser separadas? Como fazer com que ele entenda que vocês querem coisas diferentes um do outro e que nem por isso, o que ele quer deixa de ser interessante pra você? Não, ele não vai entender lendo mais um texto, ou tendo mais uma conversa. Ele só vai entender vivendo isso, que ela tanto diz querer fazer que funcione. Que ela tanto briga pra fazer funcionar.

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