Bernardo Toro, Filósofo e Educador colombiano.
O que se entende por cultura popular, nada mais é, que cultura destinado ao povo e feita pelo povo. Mas, que povo? O que difere as culturas (tão plurais) em cultura aceita e cultura não aceita.
Antes de responder a esses questionamentos, precisamos esclarecer uma coisa: cultura não se resume a festividade cultural. A sua roupa, os seus gestos, os lugares que você frequenta, a sua opinião sobre política, tudo vem da sua formação cultural, podendo sempre sofrer influência de outras culturas, tendo em vista que estamos o tempo todo, em contato com outros mundos, outras realidades e sim, outros sonhos.
Ouvimos por vezes, pessoas de várias grupos, classes sociais e comunidades, falarem que determinada classe (normalmente, a que não é própria de quem aponta), é sem cultura. "Aculturada". Você lembra-se de já ter ouvido ou falado isso, quando a música ou a dança de algum grupo, ou a maneira como se vestem, não se assemelha com o seu?
Vamos dividir (ainda mais) as classes:
- Eu sou negra. Moro em um dos bairros mais afastados do centro da cidade. Minha religião é o candomblé. Meu ritmo musical é o afoxé.
- Disseram que eu sou parda. Moro na periferia. Minha religião é a católica. Ah, eu gosto de pagode.
- Eu sou gay. Moro em uma área nobre da cidade. Não tenho religião. No meu carro? Escuro bossa nova, quando dá.
Todas essas pessoas tem o direito garantido de serem, terem e produzirem cultura. É artigo da Declaração Mundial de Direitos Humanos: toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios. O que isso quer dizer no dia a dia? Que toda cultura é uma cultura e deve ser respeitada por sê-la.
É necessário que haja um entendimento entre ter uma cultura, a razão dela e a melhoria do acesso de determinada comunidade a outras culturas. Isso não quer dizer implementar/introduzir uma outra realidade ou extinguir ritos/rituais. Quer dizer que eu não posso criticar um povo pela música que ele ouve, se aquela música é a única a qual ele tem acesso, tão pouco, se o acesso existir e esse povo fizer a escolha pela sua cultura de raiz.
É preciso atingir as comunidades, garantindo o direito de conscientização de sua própria cultura e assegurando o direito de sua valorização, tal como, a oportunidade de conhecer outras histórias e ter outras experiências.
Não há portanto, cultura certa e cultura errada. Há a necessidade cultural de afirmação de identidades plurais, baseadas nas descobertas cotidianas, levadas em forma de debate às comunidades, que possa argumentar sobre o que de fato norteia sua cultura, dialogando com os órgãos municipais permanentemente, sobre ética, valorização e respeito e acesso contínuo a informação referente a cultura. Isso se dá através de fóruns permanentes, que se proponham a fazer o debate amplo, de baixo para cima.
O que isso quer dizer: quer dizer que a voz prioritária é da comunidade. É de quem faz e consome cultura.
Bárbara Vasconcelos, Estudante de Jornalismo, Fotógrafa, Coordenadora Geral Ponto de Cultura Associação Cultural A Vida é Uma Arte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário