domingo, 7 de julho de 2013

Da Cor Deles (parte 2)

                Eu desisti. Aprendi na faculdade de Jornalismo, que não é de bom tom (não errado) fazer citações e/ou pergunta no primeiro parágrafo, porque é ele quem guia a leitura e se você cita alguém, tira o foco da sua própria ideia. Se você questiona, o/a leitora pode achar que você não sabe sobre o que está escrevendo. O fato que é que não sei. Quem sabe de paixão? ‘Ige’, perguntei. A certeza é de que essa história é feita de várias primeiras e únicas vezes.


                A primeira vez que eu senti os olhos dele em cima de mim, foi como começar de novo, porque até então, só os meus olhos pousavam sobre ele. Lembro que minha cadeira ficava de costas pra onde ele estava e ainda assim, eu podia sentir, quase dentro de mim. Eu usava um vestido solto, de tecido e estava sem sutiã. Saí da mesa uns minutos pra fumar um baseado e quando voltei o vento estava contra mim. Na verdade, estava ao meu favor e marcou meu corpo, como se desenhasse os detalhes pros olhos dele, que por essas horas, já estava de frente pra direção do meu caminhar. Só pra nós, por uns breves segundos de andada, eu estive completamente nua.
                A primeira vez que eu deitei a cabeça no peito dele, foi como se o tempo acelerasse. Dizem que quando você encontra o amor, os relógios param de correr e que quando você o reconhece, ele começa a andar pra trás. Até hoje eu não sei o que significa o acelerar e acho particularmente, que só aconteceu com a gente. Agora feche os olhos e imagine que o homem com quem você tanto sonhou, está tocando nos seus cabelos. Até hoje, quando eu lembro, eu sinto o estômago revirar de medo de que acabasse. Mas durou uma eternidade.
                A primeira vez que ele me beijou, todas as portas se fecharam. Estanho, não é? Pois é. Eu também achei que todas elas se abririam e não foi assim. Ele segurou meu corpo como se tivesse medo que eu caísse, quebrasse. Não sabe ele que se soltasse, eu flutuaria. Foi tão devagar, que eu tive de pensar, mas não pensei. Tive tempo de respirar, mas não respirei. Foi como dizer, sem emitir qualquer som.  
                A primeira vez que fizemos amor, fizemos amor e pra isso, não tem detalhes, pormenores, teses, explanações, explicações, sentidos, rumos, resumos. Amor é amplo e pela primeira vez, eu tive certeza de que ele pode durar uma noite.
                E pela primeira vez, ele mentiu. E pela primeira vez, eu cobrei. E pela primeira vez, eu me coloquei em um lugar que não era o meu, porque o acelero queria dizer velocidade de sorrir e eu gastei tudo. Porque o sinal de portas fechando, era um aviso de que tinha prazo.
                Nas histórias de amor, dizem que alguém sempre acaba mal, machucado, sofrendo. Hoje, pela primeira vez, eu acho que dizem errado, porque tem histórias que são e histórias que não são. A nossa foi. E por ter sido, abriu portas pra outras serem. Algumas pessoas amam sozinhas, outras amam acompanhadas. Outras amam. Algumas histórias terminam, outras histórias começam, outras, histórias.

                A primeira e única vez que eu o vi apertar os olhos no sol, eu fotografei. Daquelas fotos que o tempo não desgasta. Daqueles olhos que o tempo não tira o brilho. Daquele sol que todo dia nasce e se põe. Daquele continuar, que todo dia pode parar e todo dia pode seguir.

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