terça-feira, 14 de maio de 2013

Ela Não Tem Nome.

Quando ele tocou em mim pela primeira vez, eu senti meu coração disparar. As minhas pernas tremiam, minhas mãos gelaram na hora. Eu não sabia pra onde olhar, porque fiquei com medo que as pessoas notassem. Tentei disfarçar, tentei esconder, tentei até fugir. Mas eu fiquei calada. Não. Não era paixão. Era violência sexual.

Sabe a sensação de que você está errada, pelo tamanho da sua roupa? Eu senti. Me culpei. E calei. Até hoje, eu calei. E ainda hoje, escrevendo aqui, eu tenho a impressão de que ainda estou errada. De que vão me julgar até por escrever. De que vão achar que eu estou me expondo, como achariam 15 anos atrás, se eu contasse que todos os dias ele ia na minha cama, levantar meu lençol e no outro dia, sentar na mesa do lado da esposa, como se nada tivesse acontecido.  

Já ouvi de algumas pessoas, que eu deveria contar, mesmo que fosse hoje. Que talvez assim, eu me livrasse um pouco da dor. Mas parece que contar, não muda nada se ele não posso punir ele. Se eu não posso ao menos aponta-lo, porque eu destruiria várias vidas. Hoje ele tem um filho adolescente e uma mulher doente. Sem contar com mais tantas outras pessoas ao redor. É tão doído pensar em frases como: mas logo você, tão bem resolvida.

Sexo, feminismo, luta. Não vontade de fazer sexo, feminismo. Que luta?

O que se passa dentro das pessoas e seus segredos, estarão sempre no limiar da incerteza, porque quem tem certezas sobre o outro, não poderá jamais conhecer a si mesmo. 

Quando ele tocou em mim a primeira vez, eu me senti tão protegida, guardada, acolhida, guardada. Não escondi de ninguém, porque aquilo era tudo o que eu queria. E eu fiz isso repetidas vezes, com vários 'eles' diferentes, procurando a certeza que eu tive aos 13. Não era paixão. Era medo.

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