terça-feira, 13 de março de 2012

Do Erótico

Digamos que ela não estava em seu estado "normal". O vestido, era como de costume, curto. O cabelo, era como de costume, solto. A gargalhada, como de costume, era toda. Então, ele que era apenas um rosto lembrado de longe, um rosto qualquer, abraçou a nossa moça como se fosse despi-la ali mesmo. Chove. Eles não sentem.



Ela era o foco. Ele não queria olhar para os lados. Só se ela fosse para os lados e ela o fazia o tempo todo. Ir para os lados. Circular, sorrir para outras pessoas além dele. Por mais que seus olhos só desejassem isso. Não se sabe dizer ao certo quem deu o primeiro passo. Conta-se que ela, pela falta de tato com conquistas, se jogou nos braços dele. A afirmação que ronda esse conto, é que os braços dele, tinham a medida perfeita para o corpo dela. Primeiro beijo. "Parecia o milionésimo".
Foram muitos, incontáveis, ardentes, lentos, acelerados, de olhos abertos, sorrindo, de olhos fechados, sorrindo. Eles se conheciam há anos. Fumaram, beberam, tomaram, conversaram, sorriram, se tocaram, se olharam, se acharam. Ela não sabia ao certo o que estava fazendo . Não era costumeiro. Mas os olhos dele faziam ela querer mergulhar. Onde? Não fazia diferença.
Sol, chaves na mão, táxi, elevador, apartamento quente. Parede. Sede. Nenhum móvel na sala do apartamento emprestado, dava a ideia de estarem em qualquer lugar. Nada ali tinha lembrança. Nada ali era comum a eles. Pausa. Ela precisava lavar o rosto, conferir detalhes do corpo e dos adornos dele. "Com que calcinha eu estou?" Abrindo a porta do banheiro, a cena seguinte era a dele, sentado no colchão no chão, sem camisa, terminando de pilar um baseado. Intensidade.
As mãos dele percorriam com agilidade o corpo magro. As mãos dela buscavam trazer ele. Todo. O vestido branco, com as costas de renda, não mais a vestia. A calcinha rosa de malha fria, permaneceu no corpo dela por mais tempo. Ele olhou pra ela muitas vezes. Detalhes. Beijou cada parte, com cada gota de suor. Eles se sabiam quase completamente. Intimidade.
Ele viu no rosto dela o prazer pelo acelero e pela força. Ela viu no rosto dele o prazer pelo devagar, pelo suave, pelo profundo. Ninguém diria que eles não se conheciam. Todas as vontades atendidas. Pedir. Atender. Não precisar de pedidos. Gargalhadas como a dela. Toda. Sorrisos abertos como os dele. Todo. Gozo. De novo. De novo.
Corpos deitados lado a lado, cansados como os daqueles que mergulham, eles dormem. Ou repousam. Um tempo depois, ela abre os olhos e encontra com os dele, olhando-a. Secando o suor que escorria dela. Vinte minutos depois, ela não se limitou a pensar. Falou baixo, com o tronco arriado no peito dele. Os cabelos molhados de suor, pendurados. A boca, grudada na orelha dele: "Você está dentro de mim, de novo".

5 comentários:

  1. Puta que pariu!!!
    Desculpa.
    Não era assim que queria me expressar, mas também não pude desistir e apagar da caixa de texto as palavras que saltaram da minha boca quando li seu texto...
    Fiquei impressionada com a força e a beleza da escrita, direta, insana e intensa! Parabéns!

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  2. Quase vivo esse momento. Um filme passa na mente graças a imaginação que tuas palavras fez aflorar. Mais uma vez, perfeito!

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  3. Nossa tá uma maravilha!!Até viajei nela!!Amei mesmo de coração!!Escreve um livro q com certeza será best-seller!!!A maneira q vc encaixa cada palavra cada sentimento é uma verdadeira explosão de sentimentos!!Tá mt bom mesmo!!!Parabéns pelo talento!E pela expressividade tamanha!!=^_^= Bjs Julie :D

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  4. Nossaaaa que furte, esse texto meu trouxe a tona uma cena do passado, Parabénssss, conseguisse exprimir esse conto com tanta intensidade que me fez arrepiar.
    Camila S.

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  5. Minha fia, parabéns pela escrita, pela história, pelo momento de nostalgia que você trouxe à alguns, inclusive a mim
    xeeeroo ... Quente,muito quente!!

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