Por que motivos teimam em achar que amor vende em supermercado? Escuto algumas pessoas dizerem: “Calma... Depois você acha outro amor”. Não estou nervosa. Mas amor não é biscoito. Não ta na prateleira, na promoção. “Leve um pague dois”
Amor (aos que não lembram) é aquele sentimento puro que poucos conseguem sentir, e ao mesmo tempo, todos dizem que sentem. A gente tem é que sentir se as pessoas sentem. E nem me diga que não dá. Dá sim. Respire fundo, feche os olhos e olhe pra dentro. Se a resposta estiver dentro, você certamente a verá.
E lá vem mais um dizendo que logo eu acho outro amor. Por Deus... Qual o julgamento que essas pessoas fazem de amor hein?
Tudo bem que cada um sente de um jeito. Mas... Na minha cabeça, amor é amor. Daqueles que matam que arrebatam que levam pra longe, que fazem chorar de saudade, que fazem querer ir morar do outro lado do mundo só pra não ter que ver a pessoa que dias atrás fazia planos com você e agora não os faz mais.
Certo, certo... Amanhã essa dor passa. Mas hoje? Nem venham me dizer que “eu já amei assim, sei como é”. Ninguém amou assim. Quem é que sabe do amor do outro?
Pois falem o que quiserem. Afinal, se dizem que já amaram (por mais que não entre na minha cabeça que amor seja gripe), devem saber do que estão falando não é? Mas o meu amor não fica na prateleira do supermercado. Não vende. Logo, não tem outro.
Escutei algumas teorias nos últimos tempos. Coisas do tipo: “Claro que o amor permanece; mas é amor de amigo”. Chego a dar gargalhadas quanto a isso. Pois, o meu amor sempre foi de amigo. Fiquei até com uma dúvida muito séria agora: quando a gente ama, ama todas as partes não é?
Sem mais perguntas que não se pode responder...
O meu amor é em nada pretensioso e não quer de forma alguma ser amor maior que outros amores. O meu amor está nesse momento, simplesmente amando. (Foi o que ele sempre fez). E é certo que ele ficará aqui. (dentro, que é onde tudo é mais visível).
É complicado pra um monte de gente entender que existe esse tipo de amor, aos milhares por aí. Poucas pessoas falam dele. Poucas pessoas querem sentir ele assim. Ainda (tenho fé que isso muda) não é permitido amar sem pretensões. Amar por amar. Ao contrário do que pensam isso não tem nada haver como amar sem ser amado. Tem haver com amar e se permitir amar, como tiver que ser.
“Passou” um homem ‘por aqui’ se dizendo livre. E eu o amei desse jeito aí: toda. E ele me amou desse jeito aí: todo. Só que tem um monte de por quês que a gente não entende. Ou que a gente fecha os olhos pra não entender. Eu não entendi o amor todo. Ele não entendeu o amor todo. E por esse motivo, ele “passou”. Porém, enquanto “esteve”, ele foi o mais presente, mesmo ausente. Ele foi o maior sorriso, mesmo triste. E modificou de inúmeras maneiras, as formas que eu tinha de amar.
Não me adeqüei à forma dele. Á isso, a maioria das pessoas dá o nome de fim. Eu chamo de começo, de tentar mais uma vez. E lá me vem os pensamentos pequenos: “E você vai se adequar?” Em que importa? Qual a diferença de quem cede a quem? Aprendi que o que importa nessa vida (louca vida) é viver.
Você quer mais pensamentos pequenos? Recebo deles aos montes. “Mas você ama de graça”. Impossível. Esse tipo de amor não existe. Todo amor quer alguma coisa. O que ‘eles’ não enxergam, é que não tem que ser necessariamente ficar junto.
Amor pede outras coisas. Pede distância. Pede mandar ir pro inferno. Pede dizer que nunca mais quer ver...
E talvez (dessa parte eu não sei ainda) não peça pra voltar. Peça pra ficar lá... Longe. Tem amor que fica mais puro se fica longe. A gente aprende a observar e manter ele bonito.
Nesse amor, faltam algumas coisas. É aí que a gente vive outras estórias. Toque, carinho, sexo. Não sou hipócrita a ponto de dizer que vou enfiar minha cabeça no forno aceso. Vida continua... Sempre continua.
Entendi (e olhe que custou) que outras “pessoas” sempre vêm. A gente sempre é encontrada. Não adianta nem se esconder em buracos fundos. Você tem a opção de estender a mão ou não. “A minha está estendida”.
Só não espere que eu estenda a mão no supermercado, na prateleira de amores (biscoitos). Lá não tem o ‘meu amor’. Aquele que eu construi. E lá vem novamente: “Você constrói outro”.
Só tenho uma coisa a dizer... Eu tenho uma casa pronta. Com alicerces fortes. Uma falha ou outra no reboco, umas goteiras... E por isso, eu vou me mudar. Ficarei lá, no novo lugar, até essa reforma acabar. (tendo em vista que talvez eu não veja a obra concluída). Mas não construo mais casa nenhuma. Reformarei a minha.
E mais pensamentos alheios, sobre o meu pensamento: “Que menina pra pensar pequeno...” A eles não posso dizer muita coisa...
Talvez amanhã eu não ame mais. Mas hoje eu amo pra sempre. E nada de promoções.
Recife; 15 de janeiro de 2009
Bárbara Vasconcelos.